9 de jun. de 2009

O Maior Diplomata do Brasil é o Futebol?

A Copa do Mundo de Futebol está logo alí, na África do Sul, como diria o apresentador e repórter futebolístico Fernando Vanucci. E como é de costume, as seleções disputam as eliminatórias para que sejam classificadas apenas as melhores para o maior torneio mundial do esporte.

A mídia futebolística também parou esta semana para anunciar a contratação do jogador Kaká pelo Real Madrid, em uma transação milionária, como também é de costume por parte dos Merengues. Por outro lado, Luís Felipe Scolari, técnico pentacampeão com a seleção brasileira em 2002, anunciou que trabalhará no Bunyodkor, do Uzbequistão.

Não meus caros leitores. O Silêncio Cotidiano não virou uma agência de notícias esportivas. Contudo, o autor que vos fala resolveu questionar: será que o futebol brasileiro chama mais atenção no mundo do que pensavamos? E mais: será que a diplomacia do futebol é válida?

Reza a lenda que o Santos de Pelé foi capaz de parar uma guerra. A nova tentativa agora é o acordo firmado entre dois dos maiores clubes de futebol do Brasil (e sem dúvidas as duas maiores torcidas do país): Corinthians e Flamengo. Ambos firmaram uma parceria para promover o "Jogo da Paz" na Palestina, em uma tentativa de talvez amenizar os conflitos da região e fazer a população prestar mais atenção ao som da partida ao invés dos ruídos de uma guerra.

Mas será mesmo que a partida será voltada para fins sociais? Os diretores de marketing de ambos os clubes afirmam que sim. Entretanto não é bem isso que se verifica. Para começar, do lado do time carioca está o jogador Adriano, ex-Inter de Milão. O Imperador, como era conhecido em terras italianas, enfrenta um momento tempestuoso em sua carreira, carregada de momentos depressivos e sumiços dos treinos, aliados a sua ainda presente técnica e habilidade; do lado paulista, Ronaldo, eleito três vezes o melhor jogador do mundo e maior artilheiro das copas, enfrenta hoje um momento de afirmação em sua carreira, afinal de contas passa por uma situação pós-cirurgia, somado ao sucesso repentino no clube do Parque São Jorge. O Fenômeno, como é conhecido, ainda é embaixador da Unicef e a todo o momento conversa com seus contatos para promover ações sociais no mundo, auxiliando o Corinthians na valorização internacional de sua marca.

Uma partida nesse nível certamente exige um alto custo, por mais que não se mencione. O estádio será preparado, a cidade protegida, a população avisada. Entidades do mundo todo estarão presentes. O "Jogo da Paz" é, sem dúvidas, o "Jogo do Marketing". Será uma fantástica oportunidade de divulgar a marca de ambos os clubes pelo mundo, de uma forma positiva se o evento for um sucesso, ou de uma forma negativa, se for um grande fiasco.

Mas tenhamos a grande certeza de que a paz na região não será jamais atingida por causa de um jogo de futebol. A iniciativa é, sem sombra de dúvidas, um ato corajoso e que, por 90 minutos, poderá funcionar. O principal placar não será aquele marcado pelos telões do estádio, mas sim nas ruas em volta, na região e na causa palestina, como um todo.


Escrito por: Denis Araujo

26 de abr. de 2009

O Brasil de Hoje Não é por Acaso

Meados dos anos 90. O Brasil encontrava-se numa séria conturbação econômica. O modelo neoliberal do governo permanecia forte. As privatizações surgiam como válvula de escape, uma nova moeda e um novo plano financeiro se instalava. O desemprego, as taxas de pobreza e as denúncias de corrupção eram constantes. Na agenda de política externa, os Estados Unidos dominavam diversos tópicos. Politicamente, um jovem político iniciou a década no poder, este que passou à um senhor que pouco tempo ficou na cadeira da presidência e que poucos anos depois foi substituído por um velho sociólogo, possivelmente um teórico brasileiro das relações internacionais e que seguiu na contramão do modelo estatal de desenvolvimento.

Agora estamos no final da primeira década do século XXI, esta que logo mais passaremos a chamar de “anos 10”. A crise financeira derruba as taxas de crescimento econômico do mundo inteiro. O FMI e o Banco Mundial a todo momento divulgam novos dados e novas medidas de combate à este monstro econômico. As principais economias globais passam por sérios problemas de desemprego, desabitação, falta de crédito e liquidez, além da natural perda da hegemonia no sistema internacional. E enquanto isso, o Brasil (mesmo tendo seus problemas) passa a chamar cada vez mais atenção no cenário mundial. Mas esse fato não é por acaso.

Estamos chegando na metade do ano de 2009. Hoje o país experimenta apenas a beirada deste prato recheado chamado “crise”, sabendo que possivelmente não atingirá este recheio tortuoso. Sofremos redução no crescimento, nas taxas de emprego e nas linhas de crédito bancário? Sem dúvidas. Porém, esta redução foi muito menor do que aquela que as grandes potências sofreram e sofrem. O Brasil, hoje, está muito mais forte, favorecido principalmente pelo forte laço existente entre Estado e economia. Não é uma coincidência o fato de que a todo o momento mencionam que nosso país será um dos primeiros a sair desta crise e será um dos mais fortalecidos deste momento em diante. Além disso, o país representa uma capacidade de liderança nunca antes imaginada. E este fato também não é por acaso.

A estabilidade política em que se encontra o governo brasileiro é um marco não somente para a nossa própria história, mas para a história de toda a América do Sul e para todos os países chamados “emergentes”. A conceituada revista americana Newsweek fez um comentário bastante pertinente em sua publicação internacional desta semana: ”O Brasil vem se transformando na última década em uma potência regional única, ao se tornar uma sólida democracia de livre mercado, uma rara ilha de estabilidade em uma região conturbada e governada pelo Estado de direito ao invés dos caprichos dos autocratas”. E se antes havia uma provável disputa hegemônica na América Latina entre brasileiros, argentinos e mexicanos, hoje o que restam são apenas resquícios de richas históricas.

O Brasil é, mais do que nunca, um líder regional. E afirmo isso baseado não somente nas notícias publicadas recentemente na cobertura das grandes cúpulas e reuniões das potências mundiais, como também o que se percebe nos jornais dos países que compõem o Mercosul. Mesmo existindo certas desavenças com os paraguaios (Itaipú, Brasiguaios etc), até estes apontam nosso país como importante parceiro para sair desta crise. E assim o fazem argentinos, uruguaios, além dos membros associados Bolívia e até mesmo certos representantes venezuelanos.

O mais interessante é como o Brasil de Lula conseguiu, ao longo dos anos, mudar sua posição de aliado incondicional dos EUA para estrategista multilateral. Neorealisticamente falando, o país provou por A mas B que é possível acumular poder sem ser pela via bélica. Como citou a revista Newsweek: “(...) o poder do Brasil vem não de armas, mas de seu imenso estoque de recursos, incluindo petróleo e gás, metais, soja e carne". Além disso, o papel do Itamaraty foi fundamental para transformar o país em um dos grandes influentes no contexto internacional em diversos temas, somando-se a isso o fato do Brasil ter se tornado importante mediador dos conflitos de ideais entre grandes potências e gigantes emergentes, principalmente no que se diz respeito a agenda econômica e agrícola internacional. E o presidente Lula, por sua vez, tornou-se figura de grandiosa representação, sendo tratado como o ator “gente boa” das relações internacionais.

Independente das críticas, da vocação e da opinião política de cada um, me apoio nos comentários de importantes professores que tive e que tenho em minha formação. Estes mencionam o fato de que o bom estadista é aquele que sabe recuperar os danos da gestão anterior e dar continuidade aos pontos positivos da mesma. E isso Lula tem feito. Além disso, a projeção internacional que o Brasil assumiu foi conquistada pela figura presidencial e por seus acessores, todos inseridos no momento certo e na hora exata destas fortes conturbações mundiais.

O presidente atual não poderá mais se candidatar nas eleições do ano que vem, como manda a constituição brasileira. Dúvidas acerca dos candidatos à presidência do Brasil existem e hoje o eleitorado brasileiro aparenta estar muito mais maduro. A pergunta que fica é: “Onde será que vamos parar?”, se é que pararemos.


Escrito por: Denis Araujo

4 de abr. de 2009

Projeções de Um Fim Não Muito Distante

Doze de dezembro de 2012, data que muitos estipulam ser o fim da humanidade no planeta - como os dinossauros, estes que desapareceram de forma surpreendente, há 65 milhões de anos atrás, deixando-nos um fator histórico um tanto quanto mórbido. Fatalmente não viveremos o suficiente comemorar nosso aniversário de cento e sessenta e oito milhões de anos na Terra, como os mesmos o fizeram, tão pouco precisaríamos de um meteóro com proporções astronomicas para colocarmos um fim à nossa odisséia. Para analistas e pesquisadores do cenário atual é simples: basta que continuemos nosso processo evolutivo, ou será que poderiamos chamar de autodestruição?

Todas as religões presentes nessa “odisséia” humana tentaram de certa forma “prever” o apocalipse, colocando o foco na nossa imoralidade constante. O dia do juizo final presente nos livros sagrados e escrituras seria a grande semelhança inexorável dessas teologias. Quando ainda éramos politeístas, já existia a idéia da presença pecaminosa do homem provocando a ira dos Deuses. Na mesma época, construia-se templos aos oráculos - seres capazes de prever o futuro e que ganharam notoriedade ao relatarem conquistas antes mesmo delas acontecerem; na China, sua história conta que a dinastia Shang se deu por uma predição, no oriente deu-se com a previsão do nascimento de um messias, mas entre estas o fim dos tempos era constantemente alertada pelos próprios oráculos.

Mas por que 2012? Isto é, inúmeras teorias já foram apresentadas antes quanto ao fim do mundo em uma determinada data, mas ainda estamos aqui, não estamos? O marco inicial desta teoria foi a descoberta da civilização Maia – sociedade altamente desenvolvida com três mil anos de história, sendo esta, ao contrário do que todos pensam ,ainda existentes hoje em dia, com dialetos da língua original. Tendo uma ligação direta com os astros, os quais construiram templos e observatórios de acordo com a interpretação maia das órbitas das estrelas, tais visões chegavam perto do campo da ciência, diferente dos oráculos vistos anteriormente. Ao ser interpretada, o famoso calendário apresentava uma diversa lista de possíveis previsões feitas por eles. Mas eis que referente ao ano de 2012 nada fora escrito, como um espaço vago que esta sociedade deixou, fazendo-nos criar teses e questões, as quais de fato não passaram de especulações por não apresentarem algo concreto, pois o mesmo espaço “vazio” poderia ser entendido de diversas maneiras.

O fim ou um recomeço na civilização humana – duas possíveis interpretações, a extinção humana ou seria uma simbologia referente a uma nova era no planeta, seria ela climática ou social? Os questionamentos não param, mas é visível que o caos dos tempos atuais nos leva a olhar com certa restrição e até mesmo céticos pensam duas vezes ao questionar tal profecia.

Nossa visão nos trouxe uma grande incerteza acerca do futuro pós crise mundial (isto se conseguirmos sair dela). Sim, caros leitores, sei que este assunto lhes causam “enxaqueca”, devido a grande representatividade na mídia e casos de desemprego que não param de crescer.

Assim como as emissões de carbono na atmosfera, os pacotes assinados pelas super potências também não param de ser emitidos no sistema financeiro - ações trilionárias para ajudar nesta situação até então nunca vista anteriormente, mesmo aquela dada em 1929, em que o número de suícidios aumentaram significativamente.

Em terras brasileiras perdemos gradualmente aquilo que muitos consideram como grande jardim tropical do mundo – Amazônia está perdendo seu verde para ganharmos um futuro “negro” com o mar avançando cada vez mais. A reforma agrária já se tornara então assunto de utópicos, a crescente produção de soja e cana de açúcar nos leva a indagar até que o ponto lucro vale mais do que pessoas?.

O Oriente Médio luta para se estabilizar neste sistema ocidental, conflitos, ataques terroristas e petróleo interagem entre sí, resultando no ódio. Bem e mal não existe mais, apenas os que sobrevivem à este caos.

Na Ásia, a China faz um grande papel como alternativa econômica, mas sofrem como todos a escassez de oferta de emprego, revivenciando uma queda vista apenas trinta anos atrás, quando a mesma sofria de fome e tão pouco era vista como a super potência de hoje. A premissa de não reduzir suas emissões de lixo sendo estas jogadas no ar, no mar ou em terra, as quais neste quesito não lhes dão diferencial algum perante aos Estados Unidos, deixando-nos a seguinte questão: é possível sua tecnologia ser tão avançada para combater o lixo de sua crescente população? E os baixos salários, assim como a falta de emprego, serão estas eficientes para aquecer sua economia perante a crise?.

Em contrapartida, os indivíduos destes Estados tornam-se cada vez mais dependentes das drogas, menos confiantes, mortos de fome e sem ar de qualidade pra respirar, metaforicamente presos em um frasco como insetos esperando o último suspiro se exaurir pelos pulmões. Sendo mais pessimista, nossa situação é pior, visto que insetos não possuem a consciência de que o fim está próximo.

Estando certos os Maias, isto nos daria menos de dois anos para resolvermos quetões tão complexas, mas confiante de que sou, gostaria de deixar um desafio aos leitores. Se descobrissem hoje que é verdadeira a tese de que o mundo vai acabar antes da copa de 2014, quais problemas ao menos tentariam resolver neste meio tempo? - Viver intensamente em pról individual ou de todos, sairia pelas ruas, esperaria o fim como de fato um inseto? Ou outra alternativa?


Escrito por: Filipe Matheus

18 de mar. de 2009

O Silêncio Cotidiano está em festa!

Este blog comemora neste mês de março (mais precisamente no passado dia 14) o seu primeiro aniversário. Hoje me deparo com a evolução dos nossos textos opinativos, que sempre prezaram por uma boa estruturação e argumentação, uma vez que opinar sobre política, economia, cultura, história e atualidades (ainda mais sob a óptica internacional muitas vezes) não é uma das tarefas mais fáceis. Mas é, sem dúvidas, uma das mais essenciais.

Este autor que vos fala, contando com o primoroso auxílio de seu colaborador, resolveu pensar de maneira grandiosa. Apoiado pela marca de quase 3 mil visitas desde sua fundação, O Silêncio Cotidiano traz seu olhar sobre um tema que "estranhamente" foi esquecido pelos populares veículos da
mídia em sua maioria. Aproveitem!


Uma Crise Made in China


Parece que a palavra crise nos persegue. Ela está escrita todos os dias nos jornais e revistas desde o ano passado. Falar desta bendita já virou moda, conversa de elevador, das mesas-redondas do mais puro intelecto acadêmico às mais convencionais rodas de bar. Até parece que a crise virou desculpa para tudo: para não comprar presentes, não financiar carros, não adquirir uma casa etc. Até parece que algum país se daria bem com a crise. Muitos, na verdade, tentaram e ainda o fazem, mas apenas um conseguiu. O campeão é chinês.

Contudo não é simplesmente o campeão que é de lá. Equipamentos, peças, jogos, brinquedos e utilidades das mais variadas também são Made in China. E também é chinesa a capacidade de lidar tão bem com essa arrebatadora crise financeira mundial. Será que já estava escrito?

Lembro-me bem quando as primeiras grandes perdas das poderosas potências viraram manchetes em todo o mundo. Lehmann Brothers, General Motors, AIG, etc. Um sem número de demissões (a Nokia, empresa finlandesa de celulares e equipamentos eletrônicos, acaba de anunciar mais algumas) e reduções patrimoniais ocorreram e continuam a ocorrer, mesmo com uma possível atenuação desta crise.

O curioso é que não me lembro de ver alguma notícia sobre multinacionais e corporações chinesas sofrerem baixas. Até mesmo o Brasil está representado no quadro de más situações, marcado pelas demissões da empresa aérea Embraer.

O presidente Lula bem que tentou controlar o ânimo dos investidores. Citando fontes confiáveis, o mandatário brasileiro sempre dizia que o país não seria afetado. O tempo foi passando e a taxa de crescimento econômico do Brasil foi diminuindo ao passo que as grandes economias globais anunciavam a recessão. Esta palavra, que antes nem existia no dicionário brasileiro, encontra-se agora na boca dos mais cautelosos e preocupados economistas.

Os EUA, por sua vez, cansaram de aprovar pacotes econômicos e auxílios bilionários, na tentativa de evitar falências, desemprego e miséria. Pouco mudou neste complicado cenário. E no encontro do presidente Barack Obama com o presidente Lula, o brasileiro acertou em cheio quando disse: "Com só 40 dias de mandato, ele tem um pepino como esse".

A tensão toma conta de governos mundiais e de grandes empresários (claro que alguns estão se saindo bem). E na China será construída a maior Disneyland do mundo e possivelmente a maior agência de notícias de todo o planeta, sendo tratada como a "CNN Chinesa" (esta com um forte investimento de 7 bilhões de dólares).

Mas afinal, qual é o segredo para o crescimento chinês? Na minha visão, trate-se de uma locomotiva que permaneceu sob alta velocidade nos trilhos enferrujados da economia moderna e ainda não encontrou um obstáculo suficientemente forte para ter que frear. Desde a década de 90, a China esteve marcada por apresentar os maiores crescimentos de produção. Mão-de-obra extremamente qualificada, forte mercado consumidor interno e poderosos atrativos de investimentos externos são apenas alguns dos combustíveis de Hu Jintao, presidente chinês, sem contar na grandiosa estratégia de monopólio das importações das economias emergentes.

Convivendo com esta crise, os chineses conseguiram tomar conta de diversos pequenos e médios mercados, encontrando-se no topo da lista dos maiores exportadores e investidores destes locais. Ou seja, ao passo que muitos países fortemente industrializados tiravam o seu corpo fora para não sofrer um poderoso déficit econômico, a China foi comendo pelas beiradas e tomou conta do jogo. Na América do Sul, por exemplo, Brasil e Argentina brigam contra o protecionismo e por novamente estreitarem suas relações bilaterais, porém com uma pulga chinesa atrás da orelha.

Não sei se foi possível concluir alguma coisa, mas o fato é que a forma que a China lida com a crise não é uma lição a se aprender. Porém a maneira que os chineses utilizaram para se tornarem o que são hoje é, sem dúvidas, um valioso aprendizado, exceto por suas atrocidades pelo mundo. Mas este já é um outro assunto.

Escrito por: Denis Araujo


Agradeço aos leitores deste blog. E um agradecimento especial a uma querida amiga que idealizou esta postagem.

21 de fev. de 2009

E Todo Carnaval Tem Seu Fim

É tempo de folia! Em terras tupiniquins todos entram em festa, deixam as preocupações em casa e festejam qualquer coisa, dançam qualquer coisa e cantam qualquer coisa.

Essa repetição de frases serve basicamente para demonstrar o ócio do brasileiro presente neste feriado prolongado. Na frente das muitas máscaras que vestimos no dia-a-dia, colocamos algumas outras para nos alegrar e mostrar quão festivos somos.

Contudo, visto que todo carnaval tem o seu fim, também terminamos nosso merecido descanço. E também encerram-se todas as esperanças de um feriado um pouco mais prolongado. Porém, esta folia também é invenção, é hipocrisia e esconde alguma realidade, esta que ainda poderá vir à tona.

O estranho caso da advogada brasileira, supostamente atacada por neonazistas na Suíça, demonstram duas coisas importantes: ou o carnavalesco brasileiro é realmente mal visto no exterior, ou persistimos em fazer carnaval lá fora também. Eu escolho a segunda opção e apóio o presidente Lula quando este pronunciou que devemos tratar este assunto com sigilo e cautela.

Este fato não deve ser pano de fundo para que nós, brasileiros, tenhamos vergonha de ser o que somos. Mesmo se for comprovado que a vítima sofreu um acesso de loucura ou um real ataque, ela é mais uma cidadã deste país que coloca os pés em um palco maior e sofre com o preconceito europeu.

Jean Charles de Menezes foi morto a tiros pela polícia britânica por ter sido confundido com um criminoso. Centenas de brasileiros mal chegam na Europa e logo são mandados de volta, sem falar no péssimo tratamento que recebem nos aeroportos brasileiros.

E nós continuamos de braços abertos e tirando o chapéu para todos os estrangeiros que aqui chegam. O Brasil não é inferior aos demais a tal ponto de ser tratado desta maneira. Suposto líder da América Latina em termos políticos e econômicos, o ano será de suma importância para destacarmos nossa capacidade de lidar com a crise financeira. Também é hora de nossa diplomacia entrar em ação, afinal tenho certeza de que um país deste tamanho (entende-se tamanho não somente geográfico) merece um melhor tratamento lá fora.

E abram alas porque este bloco carnavalesco está virando escola de samba!

Escrito por: Denis Araujo

14 de fev. de 2009

A Mudança da Loucura e a Loucura da Mudança

Compreende-se por mudança o ato de alterar ou transformar, e entende-se por loucura a condição de insanidade ou realizar algo fora do senso comum. Entretanto, os dois termos não estão isolados. Estes estão mais interligados do que se imagina.

“Loco un poco y nada más”, como diz a música da banda argentina Turf, é uma frase que pode representar ações de grandes líderes da América do Sul. No Brasil, por exemplo, o presidente Lula prepara-se para deixar o cargo ao final de 2010, mostrando para o mundo sua possível sucessora – a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. O povo brasileiro não a conhece mas sabe-se que ela possui um importante diferencial: se eleita, será a primeira presidente mulher deste país, acompanhando os exemplos de Cristina Fernández de Kirchner (Argentina) e Michelle Bachelet (Chile).

Um país de forte cunho machista poderá ter uma mulher ditando as regras. Mas quem pode garantir que esta será uma boa comandante? Afinal nunca a vimos no poder na esfera do Estado. E Barack Obama também não, mas lá está o jovem presidente no comando dos Estados Unidos da América.

Enquanto uns torcem para que esta transição ocorra e outros preparam fortes armas de oposição, o que dizer sobre os nossos vizinhos do continente?

Na Bolívia, Evo Morales comemora a aprovação da nova constituição de sua nação sob olhares atentos da elite bolivariana. Antes taxado de louco, o presidente indígena luta para manter a maior parte da população ao seu lado, com a finalidade de dar continuidade ao seu esforçado trabalho a frente de um país com tantos problemas sociais.

Se em nossos vizinhos do gás natural comemora-se a mudança nas leis e uma nova geração constituinte, os nossos hermanos petroleiros da Venezuela vivem um momento de incógnita política. Hugo Chávez, fã de carteirinha de Fidel Castro, luta para manter-se no poder por mais tempo. Porém os venezuelanos não permitirão tão facilmente, visto que por mais que o presidente militar tenha feito até agora um polêmico mas satisfatório governo, sua permanência no poder atenta contra a democracia amplamente defendida no país.

O fato é que os grandes líderes desta recente história democrática sulamericana enfrentam grandes complicações. Com a crise econômica assolando o mundo, o povo latino não possui tanta certeza se querem a continuidade de um governo ou a mudança no poder. E sabem que escolhendo por qualquer uma destas opções serão loucos se acertarem ou errarem no voto.

De qualquer forma, sabe-se que para ser louco é necessário mudar (ou manter-se), mas para mudar precisamos sim ser loucos. Todavia isto não é negativo, desde que prevaleça a democracia e a vontade dos cidadãos. E vamos nos arriscar, afinal temos que acreditar.

Se isto é loucura, então que deixemos assim ficar subentendido. As regras precisam sim ter suas exceções e esta exceção chama-se América Latina.


Escrito por: Denis Araujo

26 de jan. de 2009

Um Salve para os Estados, Porém Salve-se Quem Puder!

Eu tenho a força!”, disse He-Man em centenas de episódios de sua série, frase esta famosa em todo o mundo. Contudo, estas mesmas palavras foram e estão sendo pronunciadas pelos líderes de vários governos desde que a recente crise econômica se instalou, provocando problemas em todo o globo.

Nota-se o cunho imperativo, imponente e salvador destas palavras de força. Entretanto, os governos falharam ao reagirem tão tardiamente perante esta grave situação financeira. Sim, tenho certeza de que as ações do Estado para conter tantos problemas na economia estão dando certo de maneira gradativa (bastante gradativa, na verdade, visto que esta crise não tem data de validade definida). Porém chamo a atenção para um detalhe curioso: se os poderosos Estados possuem tanta força, por que não agiram anteriormente, de maneira à bloquear o início de tantas dificuldades econômicas já previstas?

A revista Época NEGÓCIOS de janeiro (2009) trouxe uma matéria bastante clara sobre esta problemática (“O Estado Pop”, p. 31), que demonstra, de maneira objetiva, a falha dos governos. É um tanto contraditório confiar ao Estado a salvação da economia, visto que este foi um dos principais agentes causadores desta crise. Um exemplo disto foi o fato constatado pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida: “De 2001 a 2004, o FED (Banco Central norte-americano) manteve a taxa básica de juros – que serve de parâmetro para o crédito – nos menores patamares já registrados, incentivando gastos irreais. O juro de referência no mercado historicamente fica em torno de 6%, mas o FED o manteve abaixo de 2% durante três anos. Com uma taxa dessas, o governo – e não o mercado – induziu as pessoas a consumir o que quisessem. Nada mais irracional!” (p. 32-33).

Este é apenas um exemplo dentre tantas outras situações promovidas pelos Estados ao redor do mundo. Mas é evidente que são estes mesmos Estados que salvarão a economia global e as próprias economias nacionais. Somente estes tem o poder para criar e aprovar medidas emergenciais e ponderadas para resgatar tantos agentes privados “devastados” por esta forte crise, além de amenizar a situação da população atolada em dívidas.

Mas e o Brasil? Recentemente afirmou-se que os investimentos estrangeiros por aqui permanecem favoráveis, mesmo com esta crise. Além disso, o país permanece no topo do ranking dos melhores países que possuem uma situação satisfatória para o enfrentamento da mesma Por mais que a previsão de crescimento em 2009 seja baixa, ela existe, provando que a recessão encontra-se bem longe daqui. Soma-se à isto a evidente confiança de governos sul-americanos (Argentina e Bolívia, por exemplo) no Brasil para superar esta crise.

O ano seguirá com o fantasma financeiro rondando por aqui. Acredito que devamos confiar em nosso governo. Por mais que tenhamos uma grande redução de empregos na indústria, o Estado brasileiro tem agido de forma correta: discreta e ativamente, atento às variações globais. A dúvida são as eleições presidenciais de 2010. Poderá a situação permanecer no poder, continuando as ações de Lula, ou a oposição será eleita mesmo tendo participado ativamente da grande onda neoliberalista de privatizações na década de 90? A evolução das ações já começou, resta saber se a revolução da ideologia segue o rumo correto. Estamos acompanhando... Esperançosos.


Escrito por: Denis Araujo