14 de fev. de 2009

A Mudança da Loucura e a Loucura da Mudança

Compreende-se por mudança o ato de alterar ou transformar, e entende-se por loucura a condição de insanidade ou realizar algo fora do senso comum. Entretanto, os dois termos não estão isolados. Estes estão mais interligados do que se imagina.

“Loco un poco y nada más”, como diz a música da banda argentina Turf, é uma frase que pode representar ações de grandes líderes da América do Sul. No Brasil, por exemplo, o presidente Lula prepara-se para deixar o cargo ao final de 2010, mostrando para o mundo sua possível sucessora – a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. O povo brasileiro não a conhece mas sabe-se que ela possui um importante diferencial: se eleita, será a primeira presidente mulher deste país, acompanhando os exemplos de Cristina Fernández de Kirchner (Argentina) e Michelle Bachelet (Chile).

Um país de forte cunho machista poderá ter uma mulher ditando as regras. Mas quem pode garantir que esta será uma boa comandante? Afinal nunca a vimos no poder na esfera do Estado. E Barack Obama também não, mas lá está o jovem presidente no comando dos Estados Unidos da América.

Enquanto uns torcem para que esta transição ocorra e outros preparam fortes armas de oposição, o que dizer sobre os nossos vizinhos do continente?

Na Bolívia, Evo Morales comemora a aprovação da nova constituição de sua nação sob olhares atentos da elite bolivariana. Antes taxado de louco, o presidente indígena luta para manter a maior parte da população ao seu lado, com a finalidade de dar continuidade ao seu esforçado trabalho a frente de um país com tantos problemas sociais.

Se em nossos vizinhos do gás natural comemora-se a mudança nas leis e uma nova geração constituinte, os nossos hermanos petroleiros da Venezuela vivem um momento de incógnita política. Hugo Chávez, fã de carteirinha de Fidel Castro, luta para manter-se no poder por mais tempo. Porém os venezuelanos não permitirão tão facilmente, visto que por mais que o presidente militar tenha feito até agora um polêmico mas satisfatório governo, sua permanência no poder atenta contra a democracia amplamente defendida no país.

O fato é que os grandes líderes desta recente história democrática sulamericana enfrentam grandes complicações. Com a crise econômica assolando o mundo, o povo latino não possui tanta certeza se querem a continuidade de um governo ou a mudança no poder. E sabem que escolhendo por qualquer uma destas opções serão loucos se acertarem ou errarem no voto.

De qualquer forma, sabe-se que para ser louco é necessário mudar (ou manter-se), mas para mudar precisamos sim ser loucos. Todavia isto não é negativo, desde que prevaleça a democracia e a vontade dos cidadãos. E vamos nos arriscar, afinal temos que acreditar.

Se isto é loucura, então que deixemos assim ficar subentendido. As regras precisam sim ter suas exceções e esta exceção chama-se América Latina.


Escrito por: Denis Araujo

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