21 de fev. de 2009

E Todo Carnaval Tem Seu Fim

É tempo de folia! Em terras tupiniquins todos entram em festa, deixam as preocupações em casa e festejam qualquer coisa, dançam qualquer coisa e cantam qualquer coisa.

Essa repetição de frases serve basicamente para demonstrar o ócio do brasileiro presente neste feriado prolongado. Na frente das muitas máscaras que vestimos no dia-a-dia, colocamos algumas outras para nos alegrar e mostrar quão festivos somos.

Contudo, visto que todo carnaval tem o seu fim, também terminamos nosso merecido descanço. E também encerram-se todas as esperanças de um feriado um pouco mais prolongado. Porém, esta folia também é invenção, é hipocrisia e esconde alguma realidade, esta que ainda poderá vir à tona.

O estranho caso da advogada brasileira, supostamente atacada por neonazistas na Suíça, demonstram duas coisas importantes: ou o carnavalesco brasileiro é realmente mal visto no exterior, ou persistimos em fazer carnaval lá fora também. Eu escolho a segunda opção e apóio o presidente Lula quando este pronunciou que devemos tratar este assunto com sigilo e cautela.

Este fato não deve ser pano de fundo para que nós, brasileiros, tenhamos vergonha de ser o que somos. Mesmo se for comprovado que a vítima sofreu um acesso de loucura ou um real ataque, ela é mais uma cidadã deste país que coloca os pés em um palco maior e sofre com o preconceito europeu.

Jean Charles de Menezes foi morto a tiros pela polícia britânica por ter sido confundido com um criminoso. Centenas de brasileiros mal chegam na Europa e logo são mandados de volta, sem falar no péssimo tratamento que recebem nos aeroportos brasileiros.

E nós continuamos de braços abertos e tirando o chapéu para todos os estrangeiros que aqui chegam. O Brasil não é inferior aos demais a tal ponto de ser tratado desta maneira. Suposto líder da América Latina em termos políticos e econômicos, o ano será de suma importância para destacarmos nossa capacidade de lidar com a crise financeira. Também é hora de nossa diplomacia entrar em ação, afinal tenho certeza de que um país deste tamanho (entende-se tamanho não somente geográfico) merece um melhor tratamento lá fora.

E abram alas porque este bloco carnavalesco está virando escola de samba!

Escrito por: Denis Araujo

14 de fev. de 2009

A Mudança da Loucura e a Loucura da Mudança

Compreende-se por mudança o ato de alterar ou transformar, e entende-se por loucura a condição de insanidade ou realizar algo fora do senso comum. Entretanto, os dois termos não estão isolados. Estes estão mais interligados do que se imagina.

“Loco un poco y nada más”, como diz a música da banda argentina Turf, é uma frase que pode representar ações de grandes líderes da América do Sul. No Brasil, por exemplo, o presidente Lula prepara-se para deixar o cargo ao final de 2010, mostrando para o mundo sua possível sucessora – a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. O povo brasileiro não a conhece mas sabe-se que ela possui um importante diferencial: se eleita, será a primeira presidente mulher deste país, acompanhando os exemplos de Cristina Fernández de Kirchner (Argentina) e Michelle Bachelet (Chile).

Um país de forte cunho machista poderá ter uma mulher ditando as regras. Mas quem pode garantir que esta será uma boa comandante? Afinal nunca a vimos no poder na esfera do Estado. E Barack Obama também não, mas lá está o jovem presidente no comando dos Estados Unidos da América.

Enquanto uns torcem para que esta transição ocorra e outros preparam fortes armas de oposição, o que dizer sobre os nossos vizinhos do continente?

Na Bolívia, Evo Morales comemora a aprovação da nova constituição de sua nação sob olhares atentos da elite bolivariana. Antes taxado de louco, o presidente indígena luta para manter a maior parte da população ao seu lado, com a finalidade de dar continuidade ao seu esforçado trabalho a frente de um país com tantos problemas sociais.

Se em nossos vizinhos do gás natural comemora-se a mudança nas leis e uma nova geração constituinte, os nossos hermanos petroleiros da Venezuela vivem um momento de incógnita política. Hugo Chávez, fã de carteirinha de Fidel Castro, luta para manter-se no poder por mais tempo. Porém os venezuelanos não permitirão tão facilmente, visto que por mais que o presidente militar tenha feito até agora um polêmico mas satisfatório governo, sua permanência no poder atenta contra a democracia amplamente defendida no país.

O fato é que os grandes líderes desta recente história democrática sulamericana enfrentam grandes complicações. Com a crise econômica assolando o mundo, o povo latino não possui tanta certeza se querem a continuidade de um governo ou a mudança no poder. E sabem que escolhendo por qualquer uma destas opções serão loucos se acertarem ou errarem no voto.

De qualquer forma, sabe-se que para ser louco é necessário mudar (ou manter-se), mas para mudar precisamos sim ser loucos. Todavia isto não é negativo, desde que prevaleça a democracia e a vontade dos cidadãos. E vamos nos arriscar, afinal temos que acreditar.

Se isto é loucura, então que deixemos assim ficar subentendido. As regras precisam sim ter suas exceções e esta exceção chama-se América Latina.


Escrito por: Denis Araujo