16 de dez. de 2009

Da Lama ao Caos

"Vamos salvar o mundo!" aparentemente deixou de ser apenas um jargão das propagandas de pasta de dente. Na realidade, esta frase nos remete atualmente a Copenhague, na Dinamarca, onde acontece há dias uma conferência para discutir as mudanças climáticas no mundo, denominada COP15. Os principais cientistas, estudiosos, diplomatas e líderes governamentais estão presentes neste gelado país da Europa para discutir quão quente o mundo está ficando. Mas fria não é somente a cidade. Fria também está essa discussão, que mais parece um encontro de amigos do que uma reunião de trabalho.

O aquecimento global, para muitos, é uma farsa. Para outros, a vida tornou-se sobreviver enquanto a Terra se aquece. Mas o que não podemos deixar de constatar é que vivemos uma transição notória. De tempos em tempos, as relações internacionais marcam o início e fim de eras, de ideologias. E quando perguntam: "o mundo vai acabar um dia?", o que vem na ponta da língua é que o mundo se renova de tempos em tempos. E essa "nova renovação" já está acontecendo.

Ao passo que as mudanças climáticas provocam fenômenos no mundo inteiro, como enchentes, tornados, oscilações de temperatura em épocas inesperadas, as pessoas entram em uma era de reflexão. A ideia da sustentabilidade e a moda "verde" parecem ter entrado de vez na mente dos mais sensatos seres humanos. E obviamente que as empresas se beneficiam disso, lançando campanhas de marketing cada vez mais voltadas para esta causa. Hoje, a população parece se conscientizar aos poucos de que cuidar do meio ambiente é cuidar da vida, do planeta. E é por isso que esta conferência sobre assuntos climáticos da ONU chama tanta atenção.

Mas ora, se é um assunto tão vital, por que é que ainda não saiu nenhuma resposta para este problema?

Bom, o fato é que por mais que o mundo esteja se preparando para transformações, o planeta ainda é recheado de líderes conservadores, que antes de se preocupar com os vizinhos, se preocupam unicamente com a sua casa. A ordem é cortar a emissão de gases que provocam e aumentam o efeito estufa. Isso significa reduzir a produção das indústrias ou, no mínimo, encontrar soluções limpas para a produção, o que resultaria em gastos para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. E quem tem que arcar com isso? Os governos dos países mais ricos. E quem disse que eles querem?

"Ora, se é uma preocupação geral, que a geral tome providências!". Isso é o que querem os países desenvolvidos, que estão sendo tratados como os grandes vilões do problema. Maus ou não, eles estão no direito de pedir que o mundo inteiro tome providências. Mas o que não é certo é que estas providências sejam tomadas por igual. Por que Angola teria que agir da mesma maneira que os EUA para conter o efeito estufa? Por que a África do Sul e o Brasil precisam cortar o mesmo número de poluentes que Alemanha e Japão? Daí as divergências, somadas a tantos outros embates.

Ninguém quer sair perdendo, por isso esta negociação está fadada ao fracasso. Gostariamos muito de ver alguma resolução importante e efetiva a partir da COP15, mas o que vemos é uma reunião de interesses mais políticos do que ambientais, rodeada de falsos argumentos ou improváveis decisões.

O planeta necessita de ações concretas e objetivas. Mas infelizmente não será em uma conferência que tudo isso vai mudar e que todos perceberão o tamanho da encrenca. Afinal de contas, sabem quando o mundo deixou de ser hipócrita? Nunca.

Escrito por: Denis Araujo