28 de out. de 2009

O Que Esperavam da Crise?

Curiosa a maneira em que até pouco tempo atrás a palavra "crise" tomava todas as capas de jornais e revistas, era pronunciada em todos os noticiários e programas televisivos do gênero. Até mesmo aqui no Silêncio Cotidiano já foi mencionada.

O alerta vermelho foi dado e os economistas passaram a esboçar aquilo que seria a reforma da economia mundial. Mais do que isso, a sociedade anseava por presenciar a transformação da própria sociedade. O modelo neoliberal (que já havia proporcionado duras consequências às economias latinas) passou a ser cada vez mais questionado. Haveria chegado o momento do Estado entrar em ação? E o capitalismo: estaria este nas últimas?

Questões como estas surgiam o tempo todo e o mundo passou a se dividir entre AC (Antes da Crise) e DC (Depois da Crise). No entanto, o que observamos um ano após esse fenômeno é que muita coisa ainda permanece intacta - e o socialismo cada vez mais enterrado. Os Estados mais ricos tiveram que intervir e salvar suas economias, mas nada além disso. Pouco a pouco o mercado financeiro global se reaquece e as especulações voltarão à tona.

O Brasil realmente se diferenciou, visto que o Estado não teve que intervir tão enfaticamente na economia. Os bancos, maiores vítimas em todo o mundo, não sofreram danos por conta de sua autosuficiência. Enquanto os EUA tiveram que assumir dívidas e salvar bancos privados e grandes montadoras de veículos, no Brasil o fenômeno proporcionou destaque às instituições financeiras e estabilidade às empresas automobilísticas.

O Brasil não ensinou uma lição ao mundo, como esperavam os governantes. Na realidade, o país teve seu destaque e, por conta disso, tornou-se a bola da vez dos investimentos estrangeiros. Não por acaso o Grupo Santander realizou o maior IPO da história da Bovespa, e muito provavelmente mais gigantes farão investimentos poderosos por aqui.

Caminhamos para uma crise futura? A Crise de 1929 traçou linhas históricas na economia, quando a produção parou, o abastecimento se enfraqueceu, os produtos perderam valor e seus preços diminuiram. A Crise Estrutural da década de 70 (impulsionada pela Crise do Petróleo em 1973) provocou a recessão na economia norte-americana e uma transformação no padrão de investimento no mercado financeiro. Ainda na década de 70, os preços dos produtos mantiveram-se no topo, causando problemas de inflação nos países.

Ou será que o mundo está mostrando sinais de maturidade? Acredito que o ciclo não se repetirá, mostrando ao mundo novas portas e caminho. É o que espero.

Escrito por: Denis Araujo

Este post é dedicado a todos aqueles que lutam por seus sonhos.

2 comentários:

Vitor disse...

É o que eu espero também, Denis!

Acho que a "crise" foi criada muito prematuramente. Senão me engano, os economistas apenas consideram crise financeira quando resultados de 3 trimestres seguidos sejam negativos. E acho que nem nos EUA, onde a recessão foi pior, isso chegou a acontecer.

Mas de qualquer forma, acho que foi um pequeno marco no nosso tempo e que, tomara, trará boas mudanças.

Muito bom o texto, cara. Parabéns!

Douglas Funny disse...

Adorei o "AC" e "DC"... heheeehhe

Com certeza um ponto marcante, que proporcionou muitas mudanças e provocará muitas outras.

Ótimo texto.


Abraço.