16 de out. de 2009

Havaianas. Todo o Mundo Usa.

Lembro de quando ia na feira com a minha mãe ajudá-la com o carrinho de compras. As barracas de alimentos formavam filas, quase iguais às filas do pastel ou do caldo de cana. Mas outras aglomerações também se formavam para comprar aqueles chinelos estranhos, com alças de dedo, com o nome de Havaianas. Tudo bem, eram falsificadas, mas não deixavam de atrair gente de todos os jeitos. O tal Chinelo de Pobre era mais famoso do que eu pensava.

As Havaianas surgiram na década de 60, baseadas nos famosos chinelos japoneses de alça e base feita de palha. Era uma novidade em todo o Brasil e explodia como calçado favorito da população brasileira, especialmente das classes menos favorecidas. O sucesso era tão grande que muitas outras empresas de calçados tentaram imitar o formato da novidade, fazendo com que o marketing das Havaianas entrassem de cabeça no negócio. Surgia, então, o slogan "Havaianas. As Legítimas."

O número de vendas era tão expressivo que em meados de 80, os chinelos foram distribuidos nas cestas básicas da população (acredite se quiser!). E foi no início da década de 90 que o novo slogan do produto surgia. "Havaianas. Todo mundo usa." era uma referência aos diversos artistas brasileiros que apareciam pelas cidades desfilando casualmente suas Havaianas. Além disso, o boom da publicidade em revistas representou um avanço na comunicação da empresa.

A evolução dos lucros não parou por aí. Em 1997 foi inaugurado o departamento de Comércio Exterior da empresa, com o intuito de ampliar a internacionalização do produto. A partir daí, os eventos esportivos ganharam força dentro da empresa. Na Copa do Mundo de 1998, por exemplo, os chinelos ganharam uma pequena decoração da bandeira do Brasil, suficiente para chamar a atenção de todo o mundo e virar item de desejo em muitos países. Estrangeiros passaram a comprar Havaianas em nosso país e levar para suas casas, ampliando a visualização do produto, chamando a atenção dos veículos de comunicação do exterior. Essa atuação internacional é tão expressiva que desde 2003 as Havaianas são presenteadas para os indicados ao Oscar.

A conclusão do processo de internacionalização da marca Havaianas se deu através da segunda etapa realizada. Em 2007 a empresa inaugurou sua sede em Nova York, nos Estados Unidos, e em 2008 constitui base física na Espanha, em Madrid. Além disso, a China é, hoje, um dos grandes consumidores dos chinelos.

Fica evidente o caminho contrário que as Havaianas seguiram para se internacionalizar. Ao invés de se adaptarem ao padrão de consumo dos outros países, os chinelos tornaram-se marca registrada dos brasileiros. Os clientes internacionais não estão comprando um produto adaptado, mas sim, um produto original, como se comprassem uma parte do Brasil. Este quase patrimônio brasileiro é apreciado no mundo todo, deixando de ser aquele famoso chinelo de pobre vendido nas feiras brasileiras.

Escrito por: Denis Araujo

4 comentários:

Francimare Araujo disse...

...recuse imitações!
Eu tenho uma slin.
Gostei muito dessa postagem Dêe, posso te chamar assim?
Pois é, porque eu não sabia de tais informações, quer dizer 20% delas.


Beijo se for de beijos
Abraço se for de abraços!

Lu Guimarães disse...

Engraçado é que, quando pequena, detestava as "Havaianas". Agora acho-as lindas - lógico que os modelos novos. Será que foi necessário um reconhecimento externo para que "eu" pudesse valorizar meus chinelos? Interessante o modo como a empresa conseguiu modificar seu público consumidor alvo e expandir os negócios...

Cá Ciarallo disse...

Nossa, não sabia dessa do Oscar, gostei bastante.

E Havaianas são Havaianas, né? É difícil achar alguém que não goste delas. São como queridinhas do Brasil, meio estranho isso.

Douglas Funny disse...

Confesso que não gostava, mas agora não troco mais.

Vamo inventar algum produto aí... se até esse chinelo conseguiu, a gente tbm pode!!