4 de ago. de 2009

Boa Noite Vizinhança!

Que o Brasil é o país do futebol todos sabemos. Que o Brasil possui o maior território da América Latina, a maior parte da população também sabe. Porém o que muitos não sabem é que o país nem sempre foi esse vizinho bondoso que temos visto ultimamente. Na realidade, a situação do país frente à nova ordem mundial que se configura neste momento praticamente de pós-crise financeira é o que define se somos, ou não, bons vizinhos na América do Sul.


Mas afinal, qual a relação que existe entre a crise financeira mundial e a boa vizinhança continental? É algo simples de se estabelecer. Quando o terremoto na economia global começou, todos os países poderosos estavam em alerta vermelho, e os países de economia emergente, por sua vez, não queriam testemunhar a queda de seus grandes parceiros comerciais, logo obviamente todos desmoronariam. Porém dentre estes, alguns se destacaram, como foi o caso da China, da Índia e, no nosso caso, o Brasil. Banco Central, Ministério da Fazenda e presidente Lula previram, juntos, que o país sairia da crise mais fortalecido, mesmo sofrendo alguns abalos bastante perceptíveis.


Nos anos AC (Antes da Crise), o Brasil almejava obter um importante destaque no continente, se consolidando como a grande potência da região. Os vizinhos, em contra partida, olhavam com desconfiança. Paraguai, motivado pelos problemas de Itaipu e dos Brasiguaios, tratava os brasileiros com certo ar de inferioridade, chegando a taxar-nos de imperialistas. Bolívia ainda tinha muito que discutir com o governo brasileiro sobre o fornecimento de gás, para não sair perdendo nessa corrida pelo poder. Argentinos e mexicanos não somente deixavam para lá essa história de “Brasil Potência”, como também lutavam pelo título de liderança continental.


Vivendo a crise, nossos vizinhos passaram a nos ver de maneira mais especial, deixando as diferenças de lado e querendo agarrar na saia do Brasil para não sofrerem tanto. Os principais jornais dos países que compõem o MERCOSUL falavam o tempo todo sobre a importância de se firmar parcerias com o Brasil, visto que este possuía o maior potencial de sair fortalecido da crise.


Agora estamos vivendo um momento quase que DC (Depois da Crise). Alguns reflexos ainda existem, mas é notório o poder de recuperação do país. Essa recuperação traz à tona toda a ambição que o país tem de começar a ditar um pouco mais as regras do jogo. Deixar o país no caminho do topo da pirâmide é a maior ambição do presidente Lula neste final de mandato e isso ele já está fazendo. Os problemas sociais internos obviamente existem e espero que veja esse quadro se alterar cada vez mais, porém vejo que o Brasil finalmente ganhou um destaque mais visível nas relações internacionais como um todo.


E a política da boa vizinhança é o maior instrumento que o governo tem nas mãos. Estreitar as relações com os Estados Unidos e Europa, manter boa relação com os países asiáticos, realizar importantes e inovadores acordos com países africanos, transformar as relações Sul-Sul em um importante canal de desenvolvimento e, principalmente, consolidar as relações entre os países latino-americanos, especialmente os sul-americanos, em todos os aspectos, são algumas das atitudes que o Brasil está tomando e que certamente prosseguirá executando.


Não considero um erro grave o acordo feito recentemente entre o governo paraguaio e o brasileiro. O Brasil aceitou pagar praticamente três vezes mais o que pagava para obter a energia gerada em Itaipu, e o consumidor brasileiro é quem está reclamando, visto que é o verdadeiro pagador desta dívida. Contudo, pior erro seria manter este grave problema bilateral sem resolução. A boa vizinhança se faz assim: eu te dou uma xícara de açúcar, você me dá uma colher de sal e ambos esperamos que nossa relação permaneça amigável, para o caso de necessitar ajuda novamente.


Escrito por: Denis Araujo

4 comentários:

Anônimo disse...

Só fala merda.

Denis Araujo disse...

Adoro os anônimos do meu blog! Voltem sempre!

Anônimo disse...

huauha só pode ser o forró!!!

Brancatelli disse...

Me divirto e aprendo com seus textos!
São praticamente um "Mundo de Beakman" das relações internacionais!!!!

Bjo nas crianças...