7 de jan. de 2009

Israel e Palestina: O Palco da Diplomacia Moderna

O conflito no Oriente Médio marca o fim do ano de 2008, após uma breve trégua entre os países, esta dada em junho, que teve seu término em meio as comemorações de fim de ano. Israel bombardeou território palestino, matando mais de seissentas pessoas, dentre elas civis e crianças, deixando cerca de dois mil feridos em cidades próximas a Faixa de Gaza. Tais ações repercutiram em todo o globo, deixando enfim a questão da eficiência da diplomacia na tentativa de uma conciliação entre as duas nações.

É impossível falar de Oriente Médio sem citarmos o que realmente tornou seus solos desérticos tão interessantes aos olhos das grandes potências: o petróleo ou “ouro negro” - assim chamado devido sua notória importância marcada desde a revolução industrial até os dias de hoje, porém somente na primeira guerra mundial o seu uso colocaria a toda prova a necessidade de adquirir esse bem, e que talvez tenha sido um dos responsáveis pela vitória da Tríplice Entente.

O Oriente Médio tinha uma importância tão grande, sobretudo naquele período, que discórdias entre as potências seriam inevitáveis - Inglaterra, Rússia, Alemanha e até mesmo a França, grande aliada dos britânicos, disputariam seus territórios. Fato que mais cedo ou mais tarde as duas nações firmariam um tratado como acontecera na África, precisamente trinta e um anos antes – A Conferência de Berlim. Apesar das particularidades, de fato a repartição da África fora muito mais complexa e com muito mais atores. Desta vez apenas Inglaterra e França fariam parte deste documento, mas não podemos deixar de lado as semelhanças no que se diz respeito ao imperialismo e ao grande poderio daquelas potências que se firmavam em todo o planeta. Chamado Skyes-Picot, nome dos negociadores envolvidos, de 1916, o tratado que dividiu o Oriente Médio em duas grandes partes foi o grande causador dos conflitos que hoje encontramos na região e que, como na África, sua partilha gerou guerras que perduram através dos anos.

Este tratado, como em resposta à situação de guerra naquela época, teve como objetivo dividir e mapear aquela área rapidamente, antes que alguém o fizesse, repartindo assim seu vasto e rico território entre as duas grandes potências do momento. Tendo legitimado os seus respectivos espaços, por meio da imposição, os anos que vieram após este tratado geraram palco de grandes conflitos entre dominados e dominantes, assim fragmentando o espaço, sobretudo os que alí habitavam.

A idéia de um Estado Judeu, com a prerrogativa de que a região situada por Israel é a terra prometida por Deus aos hebreus e é o berço da religião e da cultura judaica desde o século XVII a.C., fora iniciada pelos próprios ingleses que, além da ideologia religiosa, também existia a política. Para os britânicos seria vantajoso criar um Estado e alí enviar judeus, que por sua vez conolizariam o espaço, ficando eternamente gratos a Inglaterra, tornando a região uma zona de influência.

A criação desse Estado somente iria se concretizar em maio de 1948, com ajuda dos norte-americanos e dos ingleses, formando a primeira nação judaica no mundo. Para eles, Jerusalém unida é a capital de Israel, do outro lado a Palestina considera Jerusalém o berço de sua religão e, portanto, a futura capital da mesma.

A princípio o Oriente Médio não via com maus olhos a criação do Estado Judeu, porém com a intensificação de ajuda das super potências (econômica e militar), gerou e aumentou a evidente ameaça que se tornaria.

A mídia vem apontando Israel como a verdadeira vitima diante do caos. Se compararmos o poderio das duas nações, principalmente o poder bélico, fica evidente que Israel destrói muito mais os palestinos do que sua população é morta. Além disso, a palavra “massacre” é ofuscada pelos grandes veículos de informação e pelo discurso dos políticos.

A grande ofensiva israelense na Faixa de Gaza tem como objetivo extinguir ou fragilizar o movimento político-militar palestino, que também atua na Cisjordânia, mas que não participa da criação ou do controle de instituições públicas da mesma. O Hamas fora criado no final de 1987 com apoio da Síria, Arábia Saudita e até mesmo por Israel que, por ironia, o Estado Judeu via com bons olhos a criação de um movimento político na Palestina, visto que com ela as relações entre os dois países não seria afetada caso surgisse alguma revolta entre a população mulçumana daquela região com a presença de judeus em suas terras, os quais se tornavam mais fortes politicamente, e principalmente com um exército invicto. Estruturados pela visão ocidental - Israel por sí só apresenta uma ameaça aos países do oriente, que demonstram uma visão diferente sobre Estado e a política ligada diretamente a religião.

A caótica situação fora estruturada em torno de ideologias politicas e religiosas – Hamas, não muito diferente de outras organizações militares, vê o Estado Judeu não apenas como um invasor, mas uma eminente ameaça à sua cultura e religião, esta que caminha junto à politica interna e a externa do país. Acreditam que, muito provavelmente, um acordo com Israel (que assim como eles também consideram aquelas terras de maneira religiosa) iria conflitar com sua política e consequentemente sua religão.

O grande líder dessa Irmandade Muçulmana Palestina, o sheik Ahmed Yassin, pregou a idéia da luta armada contra o "ocupante hebreu". Preso pelo governo israelense em 1989, posteriormente solto, em uma troca de prisioneiros, mas que logo seria morto em uma ofensiva israelense. Talvez sua morte fortalecera o seu ideal, ao contrário do que os militares israelenses pensam, a situação só torna o Hamas mais forte. Mais adeptos ao grupo irão aparecer, principalmente após perderem tudo o que tinham após os bombardeios. De fato a única solução será o diálogo, mas infelizmente isso só será encarado pelos governantes quando esta situação vivida se tornar impossível de suportar – a qual não está muito longe de acontecer.

Assim como a diplomacia, a ajuda humanitária é necessária, para chegarmos ao fim do conflito que dura mais de quadro décadas. Se faz necessária uma política moderna, que transcenda o ideal religioso, visto que para ambos a guerra não é uma solução favorável. O crescimento econômico precisa de um Estado estável para que se desenvolva. Prospectar o futuro das duas nações é o grande desafio diplomático de hoje, de um lado o povo Judeu que perdera seu território, do outro uma sociedade acostumada com conflitos e valores religiosos. Enquanto tentamos entender o processo, centenas de pessoas morrem, os pais, os filhos, sobretudo a esperança de um mundo de paz e igualdade entre povos.


Escrito por: Filipe Matheus

5 comentários:

Unknown disse...

Tenho total certeza de que em algum veículo sairá a notícia de um verdadeiro massacre, um verdadeiro genocídio. Se não sair, que seja aqui o primeiro a falar desta maneira. O que acontece na região da Faixa de Gaza não é recente e não está nem perto de terminar. Independente de quem iniciou, quem perde são os inocentes mortos e os que perderam familiares e entes queridos.
Se o Conselho de Segurança da ONU quer provar o seu valor, eis o momento correto. Caso contrário, vamos nos esquecer deste órgão e vamos rezar para que um dia tudo acabe.
Ótimo texto cara, mais uma vez agradeço pela brilhante participação no blog e que este evolua cada vez mais. É um aprendizado para nós todos.
Abraço

Anônimo disse...

Como disse o Denis acima, o conflito na Faixa de Gaza não é de hoje e nem está perto de terminar. E com milhares de inocentes morrem e a "guerra" continua sem fim. Ou será que existe fim para algo de tantas decadas? Nossa parte é rezar e torcer para que um dia tudo isso acabe. Afinal a esperança é a ultima que morre nao?

E acabo parabenizando os dois escritores desses otimos textos! =)
Beijo! ;*

Anônimo disse...

É, é, é... eu acho que o bagulho é de quem ta de pé!

Mas eu ainda acho que isso é um simples conflito... as pessoas que morrem ou deixam de morrer estão morrendo para mostrar o quão medíocre o homem chegou ao ponto de ser!

Assim como eu... tem um monte de sedentário na frente do computador... que diferentemente de mim... tem uma caneta que faz coisas terríveis... sem ao menos saber o que vai acontecer realmente!

Queria poder estar la no meio dessa situação (ironicamente falando), só assim poderia limpar minha alma... mas não ir la como repórter dizendo que a situação está se controlando... tenha santa paciência!

Tatiane R. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tatiane R. disse...

E fica a pergunta até quando???

Muito bom seu blog, adorei seus post. Parabéns....