23 de jan. de 2009

And the Oscar goes to...

Hollywood está em festa! Mas não somente por conta das indicações do prêmio mais cobiçado do cinema norte-americano. Superestimado ao extremo, a estatueta dourada sempre é entregue aos mesmos atores e atrizes, aos filmes clichês, além de ter a apresentação dos artistas que todos já sabem quem serão.

Superestimada também foi a posse do presidente Barack Obama. Muita festa, muitos shows e muito glamour. Assim foi a cerimônia que durou dias. Contudo, o dia pós-posse do novo presidente norte-americano já foi bastante carregado. E entre seus primeiros grandes feitos está a oficialização do fechamento da prisão de Guantánamo. Um brinde ao bom senso e à aparente presença de um real líder.

Entretanto, muita euforia se faz presente neste momento. Enquanto os EUA faziam festa, Israel promovia um cessar-fogo unilateral, após ter devastado Gaza e aniquilado centenas de inocentes. O Hamas prometeu se rearmar o mais breve possível, logo temos a certeza de que apenas encerraram um capítulo desta história, que terminou com uma pergunta no ar: e agora? Isso certamente nós saberemos na continuação desta saga.

A mesma euforia citada estará presente em todo o início do mandato de Obama. Antes de ser um herói negro, de ser um concretizador do ideal de Martin Luther King Jr., ele é um patriota norte-americano. O imaginário coletivo deve deixar de lado todas as suas representações mitológicas e perceber que o novo presidente é, na verdade, um presidente. E além disso, é presidente dos Estados Unidos. E mais do que isso: defenderá a todo custo seus interesses, sua razão de Estado, suas necessidades e seu povo, mesmo que isto tenha um alto custo.

Espero, sem sombra de dúvida, que tenhamos um ano diferente dos anteriores. Talvez nossas esperanças estejam corretas e Obama realizará um ótimo governo, pautado pela realidade dos acontecimentos. Contudo já é hora de deixar todas as máscaras cair. Não valerá a pena se continuarmos idealistas ao máximo, visto que os sonhos falam mais baixo que a realidade do nosso cotidiano.

Mas também não é hora de deixar de sonhar. Para um ano que está só começando, muita coisa está terminando. O que não pode terminar é o sacrifício, a luta diária e um pouco mais. E respeitando uma coisa de cada vez, o Brasil segue sua política externa de maneira um tanto quanto clara: está se tornando, aos poucos, uma referência da América Latina. Claro que existem desavenças, mas não podemos negar que o país segue uma linha de atuação bastante perceptível, uma vez que tenta incluir em sua agenda internacional tópicos mais relevantes para o mundo como, por exemplo, a ajuda humanitária em Gaza, assim como sua recente atuação na Bolívia (país este que tenta aumentar esta parceira com o Brasil, principalmente quando o assunto é o gás natural), proporcionando, talvez, uma maior integração (ou o início da mesma).

Sem dúvidas cada ator neste cenário global tem o seu tempo de atuação, sua aparição na telinha e sua vida no palco. Porém, gosto de duvidar da capacidade de sacrifício destes artistas da cena mundial. Quão profunda pode chegar a atuação de um governo mais forte sobre outro menos potente? Além disso, o mundo espera ansioso por uma resposta pacífica para o conflito que tanto chamou a atenção nestes últimos dias e para tantas outras guerras que a mídia não mostra mas sabemos que existem.

E recheando minha escrita, encerro minhas palavras com outras que não são minhas: “
A vida é assim mesmo. É fácil assumir uma posição a respeito de alguma coisa quando não há risco. É fácil dar esmola pra um pobre se você guarda o resto do dinheiro pra você. É fácil tomar posição contra a guerra, desde que ninguém peça que você se sacrifique... mas nem todos querem se sacrificar. Às vezes o preço de agir com as convicções é alto demais.” (Anos Incríveis, Wonder Years – 1988).

Nem todos se sacrificam, nem todos deixam de lado suas convicções.

E a vida segue. Resta saber para quem o Oscar vai. Sugestões?


Escrito por: Denis Araujo



(Leiam também meu artigo no blog do recém-formado Centro Acadêmico de Relações Internacionais do Unicentro Belas Artes de São Paulo. O texto chama-se "A Saideira de George W. Bush" e está presente em: http://odiplomatico.blogspot.com/2009/01/saideira-de-george-w-bush.html ).

Agradeço a todos pelos comentários e pelas visitas neste blog. Sugestões sempre serão bem-vindas, assim como contatos de todos que quiserem falar conosco.

Até a próxima postagem.

Um comentário:

Gabrielle disse...

excelente texto Denis!
Dificilmente eu concordo com um texto até o fim, mas esse eu concordei em tudo.. ficou bastante inteligível! PARABÉNS PELO ÓTIMO TEXTO

Beijo Gabi Plato