4 de nov. de 2008

A economia balança, os americanos votam, o Cristo fica rosa e Maradona torna-se técnico da seleção argentina: outubro/novembro como você nunca viu!

Pois é, são tantas notícias que às vezes fica difícil escolher qual ler primeiro e qual simplesmente deixar pra lá. A verdade é que nenhuma deve ser esquecida.

O mês de outubro foi marcado pela apreensão. O mundo vivendo um forte colapso econômico. As chancelarias e os ministérios da fazenda se pronunciando, com a finalidade de explicarem o que acontece, ou pelo menos para demonstrar seriedade e calma na hora de discutir os rumos da economia. Lembro bem quando a crise bateu na nossa porta e nosso presidente humildemente disse: “Nós estamos preparados! A crise não vai nos afetar!”. Lula estava meio certo.

Pouco a pouco o Brasil viu-se na obrigação de tomar medidas emergenciais. O governo federal não ficou de braços cruzados e teve de agir de forma bastante ponderada. O governo estava e ainda está preparado para o que está acontecendo, desde que os cálculos feitos até agora não se mostrem incorretos dentro de alguns dias, semanas ou meses. O fato é que não se sabe ao certo como será o futuro da economia mundial. Mas o país está caminhando bem, mesmo que a passos lentos.

Essa semana foi concretizada a união do Itaú com o Unibanco. Não vamos nos prender aqui se foi uma atitude boa ou não. Mas a Bovespa já sentiu essa atitude: ontem as ações dos dois grupos subiram bastante, e hoje estão indo muito bem, obrigado. A junção das operações dos dois bancos fez nascer o maior banco do hemisfério sul, dando forma a potencialidade do Brasil frente os demais países emergentes da América Latina e África. O jornal Pagina 12 da Argentina acentua muito bem o papel primordial do Brasil na economia de seu país, quando publicou recentemente em uma de suas matérias “(...) la sensación de vulnerabilidad no está supeditada a acontecimientos lejanos e incomprensibles, sino a la suerte del ajuste entre el real y el dólar. O dicho de otro modo, a la capacidad del Banco Central de Brasil de poner bajo control al mercado cambiario. Subordinados, sí, pero a un vecino conocido, socio y, además, poderoso.

Agora, deixando de lado o assunto em questão, passemos a debater agora o principal assunto da pauta de 2008: as eleições norte-americanas. Sim, existem zilhões de artigos jornalísticos, blogs e afins que tratam deste tema. Entretanto não existem zilhões de formas de pensar.

Agora são exatamente 13h30 no horário de verão. Os diversos fusos americanos me impossibilitam de citar o horário por lá. Mas independente do momento do dia, gostaria de mencionar a postura da CNN (www.cnn.com) e de outras emissoras e veículos jornalísticos: 90% estão com o cacoete de dizer que 4 de novembro é um dia histórico. Mas qual é o momento em que se faz história: na esperança americana? No sonho americano? No American Way of Life? Vou dizer a minha visão da história.

Barack Obama poderá ser eleito dentro de algumas horas. Jovem negro, negro inteligente, negro objetivo, negro democrata e negro negro. Li há alguns instantes uma frase que ele é o novo Martin Luther King. Negro.

Por que bato nesta tecla? Pois bem, segue a explicação. Obama representa a esperança norte-americana de retomar o desenvolvimento. Também representa uma revolução nos padrões governistas dos republicanos, já que o mundo teme que McCain seja eleito o novo Bush. Mas ele não é somente isso. Ele é um jovem senador (McCain é idoso); negro (McCain branco); Democrata (McCain republicano); McCain é veterano de guerra (Obama não).

Que atire a primeira pedra quem já assistiu um filme cliché americano tendo como protagonista um herói negro, estudioso, que não esteve em uma guerra, possui forte ligação com parentes na África e ainda defende uma gradativa retirada das tropas americanas de algum lugar!

Caro leitor, não estou tecendo críticas a nenhum dos candidatos. Apenas gostaria que pudesse perceber uma coisa: Obama pode ter a personalidade e a imagem da perfeição, da mudança, da revolução e que boa parte do mundo deseja ver. Mas na hora de votar, quem é que afirma que o preconceito absurdo e o conservadorismo exagerado dos americanos não vão vir a tona? Posso estar queimando minha língua quando digo e meus dedos quando digito, mas a história se fará quando Obama for eleito honestamente. Mas se fará mais ainda se Obama seguir fielmente sua frase de campanha “Change: we can believe in!”.

Negro, branco, oriental. Republicano, Democrata. Homens, mulheres...

Políticos são políticos. Na hora da campanha todos assumem uma postura. Mas a chamada Razão de Estado que os realistas tanto afirmam falará mais alto. Ou o mundo acha que Obama vai virar os Estados Unidos de cabeça pra baixo e mudar tudo? Sejamos coerentes: a linha de governo republicana irá perdurar por mais algum tempo, mesmo com o democrata no poder. Se ele tiver a mão firme, ele guiará esse trator de forma surpreendente. E esse é momento que a história se faz, não por ser negro, mas por ser correto e apagar George Bush da mente do povo.

Ah, quando disse que o Cristo ficou rosa, foi um fato verídico, mesmo que por pouco tempo. Maradona também está no cargo de técnico da seleção argentina, mesmo que por tempo incerto e sucesso indefinido.

Afinal, quem é rei nunca perde a majestade. Mas entrega sua corôa quando deve. E é assim que acredito na mudança.

6 comentários:

Reinaldo Vieira disse...

Adorei o texto, mano.
Muito bom mesmo!

E não é só outubro, mas esse 2008 em geral tá meio "sinistro";
Fidel Castro saindo de Cuba, Eurico saindo do Vasco, a morte da Dercy Gonaçalves, entre outras... =P

Mas ainda não tinha visto por esse lado político também.

Parabéns mano. Continue sempre com a boa qualidade dos seus textos =)

Abração.

Anônimo disse...

Adorei o texto Denis! Parabéns! Digno de um integrante da Acesso! Vamos ver se as coisas mudam realmente! Apesar que para a América Latina o melhor seria o McCain né, mas estou torcendo para o Obama, somente para nós internacionalistas temos o gostinho de viver mais esse momento histórico de tantos outros....
Beijos
Mariana

Douglas Funny disse...

vamo vê né?!

Obama nasce como esperança frente a um país q por muito tempo adotou a ideologia do "poder, podemos"... usou uma puta campanha publicitaria, se pá nunca vista, e bem inovadora... chamou a atenção de muita gente q nem iria votar.

Quanto ao Maradona... eu acho q ele vai ficar sentado no banco de reservas engordando ainda mais... sem experiencia como técnico, alguem deve ficar mandando por trás... a Argentina só precisava de alguem pra distrair a torcida... e olha q eu acho q o Maradona veste a camisa mesmo, mas é outro Dunga na parada...

abraço.

Anônimo disse...

Concordo com você! E digo mais, os norte-americanos estão com aquela sensação de que estavam em um sarcófago e reviveram!

Mas temos que ter o pé no chão... precisamos ver o que acontecerá daqui pra frente!


Meu querido... Parabéns! Continue... continue e levante voo... kkk... você tem um futuro brilhante em suas mãos... espero ver você representando nosso país!

Abraço!

Anônimo disse...

Preconceito pra que né?

Anônimo disse...

Bom, antes do Obama ser democrata (o que já não diz muita coisa, tivemos o Clinto para provar isso), antes de ser negro o OBAMA É AMERICANO, e como todos ele instintivamente estão atrás da expansão do correto "american way of life" e de todos os seus interesses inclusos nessa política ou não ...
enfim, com o sem Obama a América ainda é a mesma...
espero ao menos que ele nos surpreenda.

Muito bom denis, adorei.beeeijo*;