22 de mar. de 2008

Quando o feriado religioso nos faz pensar sobre tudo, exceto sobre religião.

Sexta-feira Santa se foi. E com ela, todos (ou a maioria) de sentimentos relativos a este dia sumiram. E já que vivemos em uma sociedade repleta de valores, aproveitamos para viajar e comprar bastante. Como bom morador do estado de São Paulo, não resta muitas opções a não ser ir a praia curtir o início de Outono e, é claro, saborear um ovo de páscoa. Porém resolvi fazer diferente este ano.

Aproveitei-me do possível vazio de um shopping para ir ao cinema. Logicamente o shopping não estava vazio, mas havia muitas opções de filmes para assistir. Entre concorrentes ao Oscar, decidi pelo novo documentário de Michael Moore: “Sicko – SOS Saúde”. Um tiro no escuro talvez, mas vale ressaltar suas obras anteriores, tais como “Tiros em Columbine” ou “Farenheit 9/11”. Sessão escolhida, vamos nós.

Com um início chocante, pouco a pouco o filme revela a realidade do sistema de saúde norte-americano, sistema este bastante falho, o que nos deixa perplexos, já que temos o costume de acreditar que no hemisfério norte tudo vai muito bem, obrigado. Visando o lucro excessivo, seguros-saúde rejeitam diversos casos de urgência para ter que evitar gastar tanto com cirurgias e outros tratamentos. Cidadãos morrem enfrentando filas nos hospitais em um país que segue no topo das potências mundiais. Michael Moore resolve, então, conhecer outros países para analisar se nestes ocorre o mesmo. No Canadá, na França... Países do chamado “Primeiro Mundo” fazem valer seu título e dão a melhor assistência de saúde para todos os seus cidadãos e mesmo àqueles que lá chegam sem nada e necessitando auxílio médico. Eterno inimigo americano, Cuba faz melhor: recebe de braços abertos os bombeiros que salvaram vidas no 11/9 mas que não obtiveram cuidados médicos descentes em seu país.

Assistam ao filme porque tenho certeza que todos saíram da sala de cinema espantados com essa realidade. Certamente que o diretor do filme está o tempo inteiro criticando os Estados Unidos, com demasia ou não. Mas do ponto de vista realista, o filme mostra que não são somente nas Guerras que nossos vizinhos lá de cima falham: o mesmo acontece com a maneira que tratam seus próprios cidadãos.

Notaram a breve semelhança? Pois é. Ironicamente (ou não) passamos por situações parecidas. Talvez não por adotarmos um sistema nacional de saúde eficaz, mas por simplesmente nosso país dar valor a questões muitas vezes de interesse governamental, ao invés de ser de interesse do povo. O Brasil trava uma luta constante para se afirmar no cenário internacional, sendo apontado como um dos países mais promissores em desenvolvimento. Os anseios são vários, e as vantagens também. Mas e nós, pobres mortais, que primeiro nos importamos com a vida que levamos dentro de nossas residências, para depois compreender o que se passa lá fora? Nosso país segue sem fazer sua lição de casa.

Como o Brasil deseja ser internacional, se nem ao menos consegue ser nacional? E não digo isto apenas por termos um sistema falho de saúde. Chamo a atenção para a falta de segurança, educação, transporte e tantos outros problemas crônicos de nosso país. Não, não sou nacionalista. Gosto apenas de salientar que como bom brasileiro que sou, gostaria de ver meu país numa ótima posição internacional, posição esta que possa se refletir internamente, com a melhoria na qualidade de vida de seu povo, ao invés de caminhar pela trilha dos Estados Unidos, que mostram para o mundo quem são, mas que esquecem do próprio quintal.

Seria errado de minha parte se eu dissesse que nada mudou. Mas seria mais errado se eu dissesse que tudo está maravilhoso. Cada um de nós sabe bem que o Brasil caminha a passos lentos. E esperamos que esses passos não atrapalhem o futuro que espelha essa grandeza de terra mãe gentil, pátria amada.

7 comentários:

Douglas Funny disse...

Pois é meu querido. Ainda não averiguei este documentário, ams ainda vou assistir.

Quanto ao Brasil vc fechou bem em apenas uma frase "como o Brasil deseja ser internacional, se nem ao menos cosnegue ser nacional?". O egoísmo deve acabar e os EUA mostra que ele pdoe não ser o melhor exemplo para o nosso crescimento.

Abraço.

Anônimo disse...

Salve salve!
Venho cá, entre trancos e barrancos pelo meu estado (a prósito) de saúde, dizer a boa pertinencia do post. Realmente feriados religiosos ja deixaram, e faz tempo, de serem religiosos!

Mas enfim, quanto ao documentário é triste realmente ver que as coisas não andam a passos bons nem aqui e nem no "primeiro mundo", e q o respeito ao próximo, ao ser humano em si está realmente debilitado! a burocracia do sistema e a falta d profissinais competentes na área pioram as coisas com muita rapidez.
Em âmbito nacinal, fica primeiramente a torcida por dias melhores em todos os sentidos, para os já sentidos brasileiros, além da imensa torcida para um mundo um poko melhor e mais respeitosos para qualquer ser humano!

um abraço do seu amigo, Paiva Neto.

Anônimo disse...

Éé garoto.
Realmente complicado, em um país como os EUA que se preocupam tanto com seu parecer internacional, com riquezas e poder, ter um sistema de saúde tão banal quanto esse.

Álvaro Reis disse...

Páscoa, que valores temos nisso agora? Pois bem...

Realmente, nós nos enganamos ao falar da America do Norte muitas vezes; Mas fica complicado exigir da consciência brasileira, que não veja os EUA como exemplo de "politica, educação, saúde, etc...", pois nós, infelizmente, somos um país dominado pelo império Norte-americano!

O que nos resta de esperança é que o Brasil tenha uma visão menos lucrativa sobre seu povo... talvez um dia isso aconteça!...

Talvez!

Anônimo disse...

Ae velho... agora temos mais trabalho para o Leitão, SHauHS...

Meu blog ta funcionando agora!...

Não é competição, pois falamos de coisas semelhantes!...

Quero seu apoio... como você tem o meu!

http://alvaroreis.wordpress.com/



Vlw velho... abraço!

Anônimo disse...

china meu chapinha...

realmente é "duro" ver uma nação q vive de aparencia e se da ao direito de criticar ,impor bloqueios(no caso de cuba),ditar regras e embusca do tão sonhado do lucro q no caso é mais importante do q uma vida q se encerra na fila d espera de um hospital, essa precariedade do sistema de saude estadunidense ñ é exclusiva e ocorre também no sistema de ensino q propõe a alienação de seus filhosq ñ possuem visão de mundo sendo apenas meros consumidores
mopvimentandop a lógica capitalista...poisé apesar de nosso país ñ estar diferente ñ vivemos de aparencia como nação superior

abrassos meu caro

Anônimo disse...

Primeiro, parabéns, você escreve (tanto esse como o primeiro post) muito bem!

concordo sobre o título, não só o feriado religioso nos faz pensar sobre tudo menos sobre religião, como o de trabalho as pessoas desconhecem o porque ele existe, e o da consciência negra então, piorou...
infelizmente (ou felizmente, ainda não sei, afinal muitos desses dias foram criados exatamente p/ não serem pensados e sim para ser feito o que é feito mesmo, não é?) eu não posso dizer que não sou umas dessas pessoas que pensam em tudo menos sobre o que esse recesso significa, ao contrário, eu me incluo.

sobre o documentário, já ouvi algo sobre ele e também quero assistir, bom, todo mundo tem essa visão mesmo, mas nada é tão perfeito quanto parece, e esses países de "primeiro mundo" (se é que deveriam ser classificados assim, afinal país é país do mesmo jeito aqui e em qualquer outro lugar) de perfeitos para se viver pouco tem, se formos pensar em algumas coisas sim, mas em outras essenciais não, das pessoas que conheço e que foram para esses países (não só o Estados Unidos), me retrataram a frieza sem tamanho das pessoas, o não se preocupar com o outro, o de ser você e só.
Não tiro do Brasil o que você disse, concordo que falta tudo isso e um pouco mais.
Mas também não dou tanto merito ao "primeiro mundo", porque é primeiro mundo em relação ao dimdim.

Parabéns de novo pelo post =)

beijos