2 de abr. de 2010

Quem Segura o Google?

Não é novidade para ninguém que a empresa Google é um gigante na internet e até mesmo fora dela, com tantas novidades e notícias espalhadas pelo mundo. E também não há nada de novo ao afirmar que empresas inovadoras e expansionistas tendem a invadir certos espaços de risco. E é exatamente isso que acontece na China.

Quer algo novo? Bom, o que direi a seguir não é: o governo chinês ainda mantém firme seu controle sobre a mídia, censurando aquilo que não lhes parece positivo. E o site de buscas fica nesse impasse. Como permitir uma busca perfeita em um país um tanto quanto opressor nesse sentido? O Google perde força, certo? Errado. Mesmo contrariando a ordem chinesa, o site continuou com sua plena utilidade, violando as leis do país e deixando de lado a censura imposta. Mais do que isso, a empresa transferiu sua base operacional e hospedagem para Hong Kong, que possui autonomia na República Popular da China, o que facilita a ação de Larry Page e cia.


O Google não é (e está longe de ser) uma organização internacional. Entretanto, a empresa mantem-se acima da ordem de certos Estados. Na realidade, a evolução da internet permite que esse tipo de fenômeno aconteça. O curioso é que a China está sendo vencida no quesito da censura e do controle social, algo difícil de se imaginar mesmo no século XXI.
E mais curioso ainda é que os norte-americanos afirmam que as atitudes da empresa dizem respeito apenas à própria e que as relações EUA-China permanecem inatingíveis.

Os mais céticos preferem afirmar que o caso trate-se de mais uma intervenção à moda democrática norte-americana, para conhecer melhor o que há no oriente, especialmente na China. Mas será que o Google é uma ferramenta do Estado? Ou é uma corporação transnacional que possui poder acima de qualquer ordem?

Estes questionamentos não se referem ao "mais do mesmo", como estamos acostumados ao analisar as relações Estado-empresa-Estado. O que se verifica neste momento é o fato de uma empresa manter-se desprendida dos laços políticos de sua terra e violar as leis de outra, para seu puro bem-estar. Discutir este caso não é a mesma coisa que dialogar sobre a influência que a Coca-Cola ou o McDonald's possuem no mundo. Acredito que o Google é, para a China, um instrumento de risco em todas as suas faces, característica não mais vista nas companias anteriormente citadas.

Uma empresa privada que transcende a ordem dos Estados e o sistema internacional. O surgimento de algo novo ou a repetição de fenômenos possíveis já vistos na história? Pausa para a reflexão, porque há muito por trás disso.


Escrito por: Denis Araujo

3 comentários:

Yuri D. Wolf disse...

Sensacional ponto de vista, meu caro!
Você tocou em um ponto muito importante. Creio sim que o Google é mais um braço do sistema estadunidense.
O Google tem sua autonomia, sim. Mas como sabemos, o mundo é comandado pelo magnatas e políticos estadunidenses, que por sua vez acabam por depender de acordor exploratórios internacionais, como com a China. Sabe-se muito bem que o governo e toda a malha empresarial ianque morre de medo do poder do capital chinês, e faz-se de bom-vizinho transpacífico visando o lucro e a estabilidade de seu sistema falho.
Afinal de contas, o Google é o maior banco de dados do mundo, tendo acesso ao conteúdo pessoal de bilhões de pessoas; então nada mais óbvio que financiar um empresa privada como fachada, para que esta consiga, mais uma vez, inserir a visão etnocentrista preconceituosa do "American way of life", usando mais uma vez a democracia (nesse caso entenda por "liberdade de expressão") como desculpa para ferir um dos preceitos básicos da Carta das Nações Unidas: a não-intervenção em assunto interos de outros países.
Ótimo, ótimo texto, irmão!

Vitor disse...

De fato, o questionamento é válido. Não consigo perceber essa ligação Google-Estados Unidos, entretanto. Acho que a empresa não se prestaria a servir de ferramenta americana para qualquer coisa. Acho sim que o Google toma partido unicamente de seus interesses e, no caso, manda uma mensagem muito clara: a de que age contra a censura.

Assim, acho que a jogada do Google é muito mais uma ação visando ganho de imagem corporativo do que um movimento político.

Douglas Funny disse...

Concordo com o Sr. Vieira.

Não vejo uma relação desse tipo entre States e Google. O site de busca só apertou uma ferida lá na China, pois lá a curiosidade num é assim tão bem vista.

Mas com certeza, a China se incomodou e o caso foi parar nas mídias de todo o mundo.

De certa forma, o Google se mostrou maior que um país... definitivamente, vão dominar o mundo.

...uma puta propaganda!!
hehehehehe


Abraço.